domingo, 18 de setembro de 2016

V

Para decifrarmos o céu que nos contempla,
não basta perscrutá-lo, uma e outra vez.

É preciso olhar para ele como se lá não estivesse, 
ajustar essa visão
ao tamanho do nosso incessante reflexo,
ungido pelas águas profundas.

É preciso esquecer o que vimos após o crepúsculo, 
quando a noite dissipa as sombras, 
convoca os animais esquivos, 
e chama a si a brisa perfumada.

Porque o pulsar das estrelas
é o rasto de sonhos fugidios.
que sobem lentos dos abismos refulgentes de luz, 
é o aceno do eterno viajante, 
que te chama para contigo inventar o fogo e a dança.

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